A lágrima é produzida nas glândulas lacrimal principal, de Krause e de Wolfring, segue em direção aos canalículos lacrimais, onde penetra por capilaridade, segue em direção ao saco lacrimal, ducto lacrimonasal e meato nasal inferior. Anatomicamente o canalículo inferior é mais longo e, por isso, fica mais lateral em relação ao canalículo superior quando os olhos estão abertos. No momento em que as pálpebras se fecham, devido à contração da musculatura orbicular, os pontos lacrimais encontram- se boca a boca. Nesse instante, a musculatura pré-septal, que está aderida ao saco lacrimal, se contrai, expandindo essa estrutura e sugando a lágrima por sucção. E, quando os olhos se abrem novamente, os sacos lacrimais se fecham e a lágrima é empurrada em direção ao nariz.
Diferentemente do que a literatura antiga descrevia, os canalículos lacrimais possuem a mesma importância na drenagem lacrimal e por isso devem ser reparados em casos de trauma.
A bomba lacrimal (contração do saco lacrimal dependente da musculatura orbicular) é a principal forma de condução da lágrima até o seu destino final, sendo diretamente dependente da musculatura, do tônus e da posição das pálpebras. Isso explica o aumento das queixas de lacrimejamento manifestadas por pacientes idosos.
Vários outros fatores influenciam na fisiologia lacrimal, entre eles, temos: meio ambiente, temperatura, umidade do ar, vento, ar-condicionado e tamanho da fenda palpebral.
Na via lacrimal excretora, temos glândulas serosas, mucosas e produtoras de gordura que facilitam a drenagem lacrimal. Além disso, pode-se encontrar linfócitos, monócitos, IgA, peptídeos vasoativos e um importante plexo vascular.
AVALIAÇÃO SEMIOLÓGICA
Cerca de 75% das pessoas apresentam algum sintoma relacionado às alterações qualitativas ou quantitativas das vias lacrimais. Epífora (distúrbio da drenagem lacrimal), lacrimejamento (excesso de produção lacrimal) e sintomas de olho seco (sensação de corpo estranho e ardência) são os principais sintomas relacionados às vias lacrimais.
Certas profissões expõem as pessoas a fatores ambientais capazes de interferir na composição, quantidade e higidez do filme lacrimal. Outros fatores incluem o uso de medicamentos (anti-histamínicos, anticolinérgicos, psicotrópicos, betabloqueadores, anticoncepcionais, diuréticos), uso de lentes de contato (principalmente as gelatinosas hidrofílicas e com alta hidratação), mudanças hormonais (menopausa, estresse, alteração tireoidiana), doenças sistêmicas (síndrome de Sjögren e outras doenças reumatológicas, escorbuto, pênfigo, Síndrome de Stevens-Johnson, rosácea, dermatite seborreica, redução da sensibilidade corneana).
Vários são os exames disponíveis para analisar o fluxo através das vias lacrimais. Há métodos que requerem apenas observações simples, utilizando corantes até exames sofisticados, que dependemde anestesia.